terça-feira, 19 de agosto de 2014

Esculturas de Paris



Edmilson Siqueira

Andar por Paris, além do encantamento normal com cada canto, é também trombar com esculturas, que, claro, espalham também suas parcelas de beleza. Em 21 dias flanando pela cidade, fiz cerca de mil e duzentas fotos. Bendita a hora em que algum gênio da informática resolveu inventar a foto digital. Agora temos liberdade quase total de clicar apontando para onde quiser e a todo momento. Antes era complicado. Fui para Paris duas vezes levando uma maquininha Kodak, de plástico, foco automático e flash com vontade própria – quando achava que não tinha luz suficiente, ele iluminava a cena. A maquininha era barata, mas o resto era caro. Comprei, para cada um das viagens, dez rolos de filme com 36 poses (poses!) em cada um. Usei todos eles. Na volta, mandei revelar e paguei quase quinhentos reais pelas 360 fotos de cada viagem.

Hoje posso escolher se quero alguma foto no papel e tudo que gastei foram 12 pilhas para tirar as quase 1,2 mil fotos que estão devidamente arquivadas no micro e no HD externo. Zezé, em suas viagens, tirou quase o mesmo tanto e como tem uma máquina com bateria, nem pilha gastou.

Mas falava eu das esculturas de Paris. Pois dessas quase 1,2 mil fotos, trinta e nove são de esculturas (na verdade, são 38 esculturas, pois há duas fotos de uma mesma escultura). Algumas famosas, mas a maioria, eu diria, anônima, que está nos parques sem qualquer placa de identificação, ou está no alto de um prédio ou de uma torre, apenas dando a algum espaço uma perspectiva artística, provocando um olhar mais atento, uma admiração fortuita.

São ninfas nuas, anjos barrocos, anciãos cansados, cientistas cuja fama se restringe à ciência que abraçou (o que já é um feito, claro), filósofos, poetas famosos, outros nem tantos, pensadores, polemistas, heróis das guerras, seres mitológicos, animais de todos os tipos etc.

Há de tudo entre as esculturas que permeiam Paris. As 38 fotografadas por mim, creiam, é parcela mínima. Há muitas, mas muitas mesmo, fincadas nas esquinas, nas ruas, nas avenidas, nas passagens e pontes, nas portas dos teatros, nas praças e jardins. Estão, claro, enfeitando uma cidade, como a perenizar a arte que as concebeu, como a eternizar a cidade que as acolheu. 







































quinta-feira, 24 de julho de 2014

Vigiando o tempo


Edmilson Siqueira

Já no Brasil desde a última sexta-feira, andei arquivando e, claro, revendo, as mais de mil fotos que tirei nos 21 dias que passei em Paris. E descobri que, não sei levado por qual motivo, acabei fotografando uma série de relógios, mais precisamente treze, entre os muitos que enfeitam a paisagem parisiense com seus diferentes estilos. E, para um brasileiro acostumado com a pouca ou nenhuma importância que dão por aqui a esses maravilhosos trabalhos artesanais, outro fato me chamou a atenção: todos, sem exceção, estavam funcionando perfeitamente, marcando a hora certa. Nesses tempos de relógios digitais, no painel do carro, no telefone celular, nos painéis de propaganda, dá certo prazer erguer os olhos e contemplar essas obras primas com seus grandes ponteiros que nos fazem lembrar não apenas da hora certa, mas da arte do relojoeiro, da precisão de seus sensíveis mecanismos e do apurado trabalho de manutenção a eles dedicado para que se mantenham belos e majestosos a, mais que marcar o tempo, vigiar mesmo nossas horas, nossos dias, nossos meses, nossos anos e nossos séculos.