sexta-feira, 27 de junho de 2014

Paris 2 – Reencontro com a Seize


Tirei a foto depois do primeiro gole
 
 
Edmilson Siqueira

Depois de 12 anos, tomei novamente uma 1664, apelidada aqui carinhosamente de Seize (16) num café-restaurante de Paris. Estava esperando um prato – filet mignon de porc au 5 baies avec puré de pomme de terre. E eu não sabia o que era baies. Agora já sei que baie é baía, mas não adiantou nada, embora eu já saiba que filé de porco assim vem com um molho parecido com o nosso madeira, mas mais gostoso. Enfim, estava ótimo. Quando pedi o menu, pensei que a garçonete não havia entendido, então, como ela estivesse demorando, na primeira chance pedi de novo. Ela respondeu num tom que me deu a impressão de estar de saco cheio por ter de atender sozinha várias mesas. Quando ela trouxe o menu eu disse, caprichando na pronúncia: “Je na parle pas français“. Ela respondeu rapidinho: “D’accord!” e saiu sorrindo. Menos mal.
Sob o copo de cerveja pression (é como eles chamam a cerveja vendida no copo e gelada) estava uma bolacha, não da Seize, mas sim da belga Leffe. Pensei: “Baco tá de brincadeira comigo. Chego em Paris, peço uma Seize e vem essa bolacha me lembrando da ótima cerveja belga que, na falta da francesa, tenho tomado em Campinas?” E já engatilhei uma vontade de levar a bolacha pra casa, mas não sabia se pedia ou simplesmente punha no bolso. Para qualquer dos atos, eu teria de vencer minha timidez.
Terminado o almoço, solicitei a conta caprichando de novo na pronúncia: “L’addition, s’il vou plait”. Ela sorriu confirmando que entendeu direitinho o que eu disse e, logo em seguida apareceu com a conta, 19 euros e 10 cents, que foi paga com duas notas de dez. Deixei o troco pra ela, principalmente depois que eu, pegando a bolacha na mão, disse lhe disse: “Souvenir?” Quando ela disse “Oui” eu tasquei: “Je fait collection”. Ela, sorrindo, disse alguma coisa mais que não entendi, agradeceu e eu saí do café satisfeito. Esse pedido me lembrou a Zezé que, em 2001, em Roma, disse com a maior naturalidade para a dona de quiosque: “Is it a souvenir?”, apontando para um pratinho de plástico, todo florido onde vieram os sanduíches que pedimos. Usamos o pratinho até hoje em casa.
Ao sair do café, fui recebido com uma chuvinha, como a do dia anterior, que só assusta, mas nem molha. Fui devagar pro hotel, não sem antes passar na boulangerie – sim, eu já vi várias delas por aí – e pedir 2 pains avec chocolat, que é um croissant com gotas de chocolate de recheio. Comi os dois à noite no hotel antes de dormir. Uma delícia.

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