Edmilson Siqueira
Andar por
Paris, além do encantamento normal com cada canto, é também trombar com
esculturas, que, claro, espalham também suas parcelas de beleza. Em 21 dias
flanando pela cidade, fiz cerca de mil e duzentas fotos. Bendita a hora em que
algum gênio da informática resolveu inventar a foto digital. Agora temos
liberdade quase total de clicar apontando para onde quiser e a todo momento. Antes
era complicado. Fui para Paris duas vezes levando uma maquininha Kodak, de
plástico, foco automático e flash com vontade própria – quando achava que não
tinha luz suficiente, ele iluminava a cena. A maquininha era barata, mas o
resto era caro. Comprei, para cada um das viagens, dez rolos de filme com 36
poses (poses!) em cada um. Usei todos eles. Na volta, mandei revelar e paguei quase quinhentos reais pelas 360 fotos de cada viagem.
Hoje posso
escolher se quero alguma foto no papel e tudo que gastei foram 12 pilhas para
tirar as quase 1,2 mil fotos que estão devidamente arquivadas no micro e no HD
externo. Zezé, em suas viagens, tirou quase o mesmo tanto e como tem uma
máquina com bateria, nem pilha gastou.
Mas falava
eu das esculturas de Paris. Pois dessas quase 1,2 mil fotos, trinta e nove são
de esculturas (na verdade, são 38 esculturas, pois há duas fotos de uma mesma escultura). Algumas famosas, mas a maioria, eu diria, anônima, que está nos
parques sem qualquer placa de identificação, ou está no alto de um prédio ou de
uma torre, apenas dando a algum espaço uma perspectiva artística, provocando um
olhar mais atento, uma admiração fortuita.
São ninfas
nuas, anjos barrocos, anciãos cansados, cientistas cuja fama se restringe à
ciência que abraçou (o que já é um feito, claro), filósofos, poetas famosos,
outros nem tantos, pensadores, polemistas, heróis das guerras, seres
mitológicos, animais de todos os tipos etc.
Há de tudo
entre as esculturas que permeiam Paris. As 38 fotografadas por mim,
creiam, é parcela mínima. Há muitas, mas muitas mesmo, fincadas nas esquinas,
nas ruas, nas avenidas, nas passagens e pontes, nas portas dos teatros, nas
praças e jardins. Estão, claro, enfeitando uma cidade, como a perenizar a arte
que as concebeu, como a eternizar a cidade que as acolheu.
Maravilhas, Ed. Paris é 'outra' coisa. Quem me dera conhecê-la tão bem quanto você e a Zezé!
ResponderExcluirBelas fotos, belo texto.
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