Conversando via Skype ontem com a Zezé, ela me perguntou se
eu já tinha ido ao Museu d’Orsay. Disse que não, então ela sugeriu que eu fosse
hoje, terça-feira. Estava nos meus planos ir lá, mas ia sugerir irmos juntos,
já que ela vem domingo e vai ficar quatro dias aqui em Paris. E, claro, nós já
fomos no d’Orsay numa das viagens anteriores e queríamos ir de novo. E de novo
e quantas vezes der para ir.
O d’Orsay é menor que o Louvre, mas considero-o tão
importante quanto e com um acervo mais interessante até. É que ali estão os revolucionários
do fim do século XIX e início do XX que transformaram a arte de pintar,
dando-lhe uma qualidade que jamais – antes ou depois – foi superada. Claro, há
os clássicos que gostamos e respeitamos, há a Renascença que produziu tesouros,
mas foi com os impressionistas, pós-impressionistas e modernistas que a visão a
pintura se tornou real, humana e factível, por isso mesmo bela e insuperável.
No fundo da foto, a multidão pra entrar no museu
Então resolvi ir para, mais uma vez, admirar aquelas obras
primas todas. O problema é que mais da metade dos turistas que estão em Paris
nessa alta temporada decidiram a mesma coisa. Cheguei lá às 10h20 e entrei na
fila. Enorme fila. Cinquenta minutos depois estava entrando no museu para
comprar ingresso. Sorte que a entrada do pessoal da fila da rua era controlada
de modo a não lotar o saguão e havia cinco ou seis guichês vendendo o ticket, o
que fazia com que, tendo entrado no saguão, você já estivesse quase diante do
guichê e comprasse o seu – 11 euros – rapidinho.
Comecei pelo começo (he, he), revendo as belas esculturas de
Carpeaux, de Cordier, obras de Coulbert e as primeiras obras de Monet, Manet e
Degas. Ali se pode comparar o início da reviravolta, com os classicistas Ingres
e Delacroix, com os simbolistas Moreau, Puvis e apreciar uma sala inteira
dedicada a Toulouse-Lautrec.
Mas a ala mais concorrida, como sempre, era a dos
impressionistas e pós-impressionistas em suas fases áureas. Com um detalhe: uma
multidão na entrada – também controlada – da sala dedicada a Van Gogh.
Passei por quadros de Monet, Van Gogh, Manet, Gauguin,
Renoir, Degas, pelas esculturas de Rodin e muitos outros que, com o olhar de
artistas e muito trabalho, transformaram a visão da arte para sempre.
Lá dentro é proibido fotografar: mas essa foto é permitida
Sem contar que o d’Orsay é uma festa para todos os sentidos
e olhares. Tem artes decorativas do século XIX e início do XX, tem salas
especiais mostrando fases de grandes artistas como Tissot e o realismo,
Toulouse-Lautrec e a vida parisiense, Degas e seu debut, pintura acadêmica em
grandes formatos, Manet e Cézanne nos anos 1860, as artes decorativas do
Segundo Império, o Orientalismo, duas ou três salas só para as artes gráficas e
outras só para arquitetura.
O restaurante Voltaire, na Quai Voltaire...
Saí de lá já quase à tardinha, sem ver tudo, morto de fome,
mas saciado de cultura (boa essa, hein?). Mas como cultura realmente não enche
a barriga, saí procurando um restaurante o mais próximo possível, de preferência
na rua que separa o museu do Sena. Encontrei o Voltaire, não exatamente o escritor, ensaísta e filósofo iluminista francês, porque ele morreu no
século 18, mas um restaurante que leva o seu nome. E que fica justo no térreo do
prédio onde Voltaire morreu em 30 de maio de 1778, há mais de dois séculos portanto,
e que ainda está lá inteiro e habitável. Paris não é mole, não.
...e a placa lembrando que Voltaire morreu ali
Sim senhor! Viajar é preciso. Seja lá de que maneira for. Fico grata por poder visitar Paris através ds Crônicas ao Léu.
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